Plenitude dos Tempos (3/5) - A condição religiosa
A condição religiosa do mundo quando o cristianismo surgiu
Anderson Vicente Gazzi
19/02/2025

Quando o cristianismo surgiu, o mundo tinha uma condição religiosa diversificada e complexa, caracterizada por um panorama de politeísmo, filosofias humanistas, e uma busca espiritual insatisfeita. Aqui estão os principais aspectos religiosos do contexto global no início do cristianismo:
1. Politeísmo Greco-Romano
O mundo romano era dominado por um politeísmo influenciado pela mitologia grega, com deuses como Zeus (Júpiter), Hera (Juno), Apolo, e Afrodite (Vênus).
a. Prática Religiosa: Incluía sacrifícios, festivais e cultos nos templos.
b. Caráter Moral: Era frequentemente vazio de significado espiritual profundo, com divindades que refletiam paixões e fraquezas humanas.
c. Insatisfação Espiritual: Muitos começaram a questionar a validade dessas religiões, pois elas não ofereciam respostas para questões existenciais ou morais profundas.
2. Crenças Orientais e de Mistério
Religiões de mistério e cultos orientais ganharam popularidade no Império Romano, como o culto a Ísis (do Egito), Mitra (da Pérsia) e Cibele.
a. Características: Essas religiões ofereciam rituais secretos, promessas de imortalidade e experiências emocionais intensas.
b. Atração: Apelavam às necessidades emocionais e espirituais insatisfeitas pelo politeísmo tradicional.
3. Filosofia Grega
A filosofia grega moldou a cosmovisão de muitos na época, destacando-se:
a. Estoicismo: Enfatizava a virtude, o autocontrole e a conformidade com a razão universal (logos).
b. Epicurismo: Buscava a felicidade na ausência de dor e no prazer moderado.
c. Ceticismo e Cinismo: Rejeitavam as tradições religiosas, enfatizando a dúvida e a simplicidade.
Embora essas filosofias fossem intelectualmente atraentes, muitas vezes falhavam em satisfazer as necessidades espirituais do povo comum.
4. Religião Judaica
O judaísmo era uma religião monoteísta distinta, com uma forte ênfase na Lei, nos Profetas e na adoração ao único Deus verdadeiro.
Divisões Internas:
a. Fariseus: Rigorosos em relação à Lei e à tradição oral.
b. Saduceus: Aristocratas religiosos, focados no Templo e rejeitando crenças como a ressurreição.
c. Essênios: Separatistas religiosos, buscando pureza em comunidades isoladas.
d. Zelotes: Defendiam a resistência armada contra o domínio romano.
Expectativa Messiânica: Muitos judeus aguardavam a vinda do Messias prometido para libertar Israel e restaurar o reino de Deus.
5. Religião Oficial e Culto Imperial
No Império Romano, o culto ao imperador como uma figura divina era amplamente promovido.
a. Função Política: Fortalecia a unidade do império.
b. Oposição Cristã: Os cristãos recusavam-se a adorar o imperador, o que resultou em perseguições.
6. Busca por Espiritualidade
Havia um senso generalizado de vazio espiritual. A religiosidade tradicional falhava em satisfazer as questões existenciais sobre vida, morte, moralidade e a relação do homem com o divino. Isso abriu caminho para a mensagem cristã de salvação, graça e vida eterna.
Conclusão
O mundo religioso na época do surgimento do cristianismo era marcado por:
a. Politeísmo decadente e insatisfatório.
b. Filosofias racionais, mas espiritualmente limitadas.
c. Cultos mistéricos buscando respostas emocionais e espirituais.
d. O monoteísmo judaico, que preservava as promessas messiânicas.
A mensagem cristã encontrou um mundo preparado para uma fé que oferecia respostas claras, esperança e uma conexão pessoal com o Deus verdadeiro, satisfazendo as necessidades espirituais e emocionais daquela geração.
Bibliografia:
Wayne Grudem: Teologia Sistemática
Louis Berkhof: Teologia Sistemática
Anthony Hoekema: A Bíblia e o Futuro
John Stott: Comentários sobre Gálatas e Efésios
Herman Ridderbos: A Mensagem dos Evangelhos
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